Postado por Ana Ikeda Do UOL, em São Paulo em 27/02/2012 ás 21:02

'Psicólogo a um clique' ajuda via internet quem está sem tempo de ir ao consultório

Ana Ikeda

Do UOL, em São Paulo

 

Na orientação psicológica via internet, profissionais da área atendem queixas pontuais do paciente e dão apoio sobre questões emocionais

Com uma mistura crescente entre a nossa vida offline – a das interações no mundo real – com a online, é de se esperar que uma gama cada vez maior de serviços que antes só eram prestados presencialmente também siga o mesmo rumo. Um deles é o de orientação psicológica ou o “psicólogo a um clique”, que pode auxiliar quem está passando por algum problema emocional e não tem tempo (ou é tímido) para uma consulta “ao vivo”. Acompanhe a seguir os prós e contras do serviço e como ele funciona.

Antes de tudo, alertam os especialistas, é preciso diferenciar a orientação psicológica (permitida via internet) da psicoterapia (que só pode ser feito via internet em caráter experimental e se atender uma série de regras).

Uma resolução de agosto de 2005 do Conselho Federal de Psicologia estabelece uma série de normas para o atendimento online: a cobrança de honorários, por exemplo, só é permitida no primeiro caso, em que o psicólogo ouve uma queixa pontual do paciente, dá apoio e orienta a pessoa sobre questões emocionais.

É comum que os psicólogos ofereçam, no máximo, dez sessões de orientação, e encaminhem o paciente para terapia presencial, atingido esse limite. Quem procura esse tipo de atendimento deve ficar atento para que o site do profissional apresente o regulamento da orientação via internet, além de apresentar o selo do Conselho Federal de Psicologia e o atendimento às suas regras.

No segundo caso, de acordo com o conselho federal, a chamada psicoterapia "online” não é uma prática reconhecida pela Psicologia e, portanto, não pode ter a cobrança de honorários. Ela só pode ser realizada caso faça parte de um projeto de pesquisa, conforme critérios dispostos na Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Além disso, o protocolo de pesquisa deve ser aprovado por Comitê de Ética da área reconhecido pelo CNS.

Como funciona

A orientação psicológica pela internet, explica Katty Zúñiga, terapeuta do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI) da PUC-SP, atende principalmente pessoas que não têm acesso a uma consulta presencial, seja por distância, timidez, questões financeiras ou comodidade.

 

 Vida.com

 Desde 1997 o NPPI oferece, por e-mail e gratuitamente, esse atendimento “remoto”. Uma equipe composta por 13 psicólogos faz semanalmente cerca de 20 orientações por e-mail. No máximo, são realizadas entre oito e dez trocas de e-mails, com respostas a questões pontuais e o encaminhamento para o atendimento presencial.

Outro serviço, porém pago, é o do PsicoLink. Pelo site, criado há um ano, a pessoa faz um cadastro e adquire créditos para comprar as sessões de orientação online, que ocorre por uma ferramenta de bate-papo ou videochat – ambos dispensam a instalação de softwares no computador do usuário. Cada sessão dura, no máximo, 50 minutos e custa R$ 65. O número máximo de sessões é dez e são atendidas apenas pessoas maiores de 18 anos.

“Queremos aproximar o psicólogo da população, além de preparar o próprio profissional para a era digital, já que a internet é cada vez mais usada como uma ferramenta de comunicação”, diz Milene Rosenthal, sócia-fundadora e psicóloga do PsicoLink. Milene frisa ainda que o serviço não tem o objetivo de substituir a terapia, porque não tem esse nível de aprofundamento.

Quem procura a orientação

O caso do desenvolvedor Martin Schwans, 23, mostra que o serviço de orientação psicológica pela internet ainda não é muito conhecido.

“Fiz uma pesquisa na internet e, sem querer, achei o PsicoLink. Fiquei curioso para ver como funcionava e achei a proposta diferente”, relembra.  Ele nunca havia feito uma consulta com psicólogos até então.

"Muitas vezes a pessoa simplesmente não tem com quem falar e desabafar", explica Milene Rosenthal, sócia-fundadora e psicóloga do PsicoLink

“À primeira vista, as pessoas podem achar estranho e um pouco frio por não ter contato com o psicólogo presencialmente. Mas ajuda se você está com algum problema no trabalho ou em casa, quer esclarecer essa angústia e desabafar”, exemplifica Schwans.

Para o jovem, a internet tem a vantagem de pôr a pessoa em contato aos poucos com o mundo da psicologia. “A gente acha que nunca precisa de psicólogo, que é besteira. Esse serviço é interessante para quem tem resistência em ir falar com um psicólogo”, diz.

No entanto, a ausência do “olho no olho” ainda é uma desvantagem, considera Schwans, mesmo quando a orientação é feita via webcam. “Falta um pouco de interação visual”, conclui.

Casos variados

A terapeuta do NPPI afirma que o núcleo recebe as queixas mais variadas de internautas. “Mas os assuntos mais frequentes são os relacionados com tecnologia, relacionamentos, uso compulsivo de computadores ou games, depressão e bullying”, detalha.

No PsicoLink, comenta Milene, os atendimentos também são variados. Um deles foi o de uma idosa que sofria de síndrome do pânico e não saia de casa há semanas: a sobrinha dela foi quem encontrou o site e a ajudou a realizar a sessão online. “Ela não conseguia tirar a tia de dentro de casa, nem sabia qual era o problema pela qual a paciente estava passando. Ajudamos a identificar que poderia se tratar de síndrome do pânico e a orientamos”, explica a psicóloga.

Milene afirma também que muitas vezes a pessoa simplesmente não tem com quem falar  e desabafar sobre questões emocionais comuns. “Atendi uma mulher que havia terminado um noivado e estava sofrendo. Nessa hora, acolhemos esse sofrimento, tentamos mostra o lado positivo do término de um relacionamento. Para essas pessoas, só por ter alguém com quem falar já é um alívio.

 

http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/02/27/orientacao-psicologica-via-internet-ajuda-quem-esta-sem-tempo-de-ir-ao-consultorio.jhtm

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