Postado por REVISTA SER MAIS em 21/07/2011 ás 03:07

Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda

Carl Jung

Há 15 anos atrás um jovem julgando que sabia o que queria colocou todos os seus sonhos, certezas e grana no bolso e partiu. Foi morar fora do Brasil. Depois de dividir estes anos morando entre USA e Europa, o brasileiro chegou a conclusão de que seu lugar era aqui no Brasil. Perguntei-lhe por que voltar justamente agora? – Ele respondeu-me, "não me encontrei, após todo esse tempo descobri que tudo era utópico" . Perguntei-lhe – onde esta a utopia? Você hoje é um empresário relativamente bem suscedido, atuando dentro de sua área de formação, cidadão Irlandes, onde está a utopia? – Ele respondeu-me, "depois de tudo que alcancei aqui, bons e maus momentos, sucessos e insucessos, lágrimas e sorrisos, tentei fazer o melhor que consigo, porém enxerguei que eu não sabia quem eu era, o que eu realmente queria". Lembrei-me que em minhas pesquisas havia algo que se encaixava em ipisis literis com a conversa que estavamos tendo, procurei um artigo de Dirceu Moreira, que eu possuia, e, imediatamente concatenei minha conversa com aquele meu amigo, vou transcrever.

Quero recontar uma história (bem real por sinal), do almiscareiro, um animal que vive nos inacessíveis altos picos do Himalaia. Diz-se que quando ele alcança certa idade, começa a sentir o cheiro penetrante que exala no ambiente ao seu redor. Com o passar do tempo, o almiscareiro começa a ficar excitado com o aroma delicioso. Assim caminha para lá e para cá, pulando, correndo, farejando sob as árvores e furnas, buscando o perfume em toda parte - às vezes por muitas semanas busca a fonte da tão persistente fragrância. É uma busca frenética e à cada vez que isto se repete, ele novamente sai loucamente em busca de tal fragrância. Sentindo-se incapaz de localizar o perfume tantalizante (que lhe castiga a alma), o almiscareiro se torna extremamente inquieto e, em seguida, irritado. Assim ele prossegue sua busca, porém, ele adentra a um estado tal de agitação, e num esforço último e desesperado de encontrar a fonte da essência enlouquecedora, que há casos em que o almiscareiro acaba saltando dos altos picos alcantilados do Himalaia e finda por cair para a morte no vale que se estende abaixo. Os caçadores, assim, achando os cadáveres, retiram a almejada bolsa de almíscar e produzem o perfume que é consumido em todo mundo. Diz-se que ainda nos dias de hoje, o almiscareiro é aprisionado e assim permanece em cativeiro por pelo menos 15 anos para que se extraia esta essência que se transforma em perfume: um deles o musk. Assim o almiscareiro perde a própria vida, procurando o que está dentro de si mesmo e de outra forma, perde a sua liberdade aprisionada pelo outro que não deveria agir de forma animal: o homem.

Iniciar um artigo com tal elucubração deve em algum momento, trazer a tona caro leitor, questionamentos em torno do tema – Ora encontrar eu mesmo? – Descobrir eu mesmo? – Eu sei quem sou! – Será? – Como alguém não sabe quem é, como não se conhece? De onde vim, onde estou e para onde vou?. Este é um pressupostos do Coaching, do qual me inspirei para desenvolvimento do Coaching Teen. Descobrir quem se é, torna-se uma solicitação de equilíbrio. Que direciona nosso olhar para sociedade Dinamarquesa, ancorada em exemplo de consenso social e numa economia do bem-estar social, onde o indivíduo, reforça o seu entusiasmo e a sua persistência perante os contratempos normais da vida, os dinamarqueses sabem que não pode ter tudo, porem é estimulado desde cedo a saber amar o que fazem, onde liberdade e segurança associados são utilizados para que possam estabelecer o equilíbrio necessário à vida. Diferindo do sonho americano que consiste no "quanto mais, melhor", vida farta, riqueza, poder desmesurado de compra e de venda, prêmio conseguido ao fim por um self-made-man, e o man seria qualquer, negro, amarelo, mestiço, quase branco, a grande diferença consite em encontrarmos uma cultura que prega aos seus jovens desde a fase mais tenra a riqueza de saber quem se é, o que se quer e para que se vive.

Nesse caminho, nos Estados Unidos interpretaríamos que bastaria praticar o manual "só é pobre quem quer", para conseguir ser um best. E ser um best, em suma, é o próprio sonho americano - Ser um best, o melhor, é mais que um superlativo de good ou de well. Ser um best, para os modestos, é ser o melhor na sua profissão, ou na sua atividade. No sonho americano, isto significa mais que o dar o melhor de si em qualquer ação, é mais que o envolver a própria pessoa no seu agir. É vencer todos os demais, é derrubar todos os outros na sua profissão, é ser o boss, o chefe, é mais, é ser o tycoon, o magnata, é ser o God, enfim, o poderoso, o supremo, e este é DEUS. Alguém pode dizer - É fácil ser mais feliz vivendo em um país com as características dinamarquesas!. Porém o foco de nossa admoestação é sobre o sentimento de SER + humano.

Culturas diferentes e uma preocupação imiente, para nossa sociedade de onde enxurradas de jovens partem para morar fora do país em busca incessante de descoberta do novo ou até mesmo relacionado a força motriz de encontrar-se "fora de casa". O encontro consigo mesmo é um dos pilares para a superação, autocrescimento e transformação. Ao encarar seus obstáculos aquilo que considera negativo em si mesmo, ocorre a autodestruição, mas ao ser conduzido a aceitar suas limitações buscando transformá-las em algo positivo, é uma forma inefável de sucesso garantido. Nos processos de Coaching, antes de mais nada os recursos internos são parte imprescindivel na condução de metas e objetivos, fazer com que o indivíduo busque dentro de si, os caminhos para se encontrar e poder fazer o melhor para si, dentro de suas concepções de sucesso e bem estar, atingindo assim o climax em suas relações pessoais e interpessoais.

O almiscareiro da historia de Dirceu, remete-nos ao questionamento básico, de que o homem tem o poder que o difere de todos os seres vivos – o pensamento. Se este pensamento não é utilizado de maneira eficaz equivale ao simples caçar do leão no reino animal, da abelha em uma colméia e tantos outros exemplos da irracionalidade, apenas subsistência e não excelência. No momento em que o indivíduo lança mão de coordenar seu intelecto em favor do pensamento da introspecção ele nunca estará completo, o homem que AINDA não encontrou seu próprio perfume, aquele que contem o doce e inigualável aroma do amor-sabedoria, não é intenso, não é feliz apenas vive, sem conhecer o trescalar embriagante do estado de êxtase que a satisfação consigo mesmo produz.

A constatação daquele meu amigo do inicio do artigo basicamente era, buscando no outro reconhecer-se através do estereotipo de sucesso, de realização, apropriando para si o referencial de sucesso do outro, mas a essência de todo o principio da relação EU-OUTRO, é que um ser humano só reconhece o outro, depois de conhecer a SI MESMO.


 

1 Achar, aquilo ou alguém que se procura; Deparar; Ir de encontro; Chocar-se contra; Achar alguém em determinado estado ou situação; Ir ter com alguém; Achar casualmente; Descobrir; Achar-se realizado

2 Fonte: http://www.webartigos.com/articles/26254/1/ENCONTRO-CONSIGO-MESMO/pagina1.html 
 Ilustração: Danilo Scarpa

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