Pais que praticam bullying com seus filhos
Por Ritah Oliveira
 
"No início, os filhos amam os pais. Depois de certo tempo, passam a julgá-los. Raramente ou quase nunca os perdoam."
Oscar Wilde (Escritor/Poeta/Dramaturgo/Ensaísta)
"Os nossos pais, piores do que os seus, geraram-nos ainda mais celerados do que eles; nós, por nossa vez, geraremos
filhos ainda mais perversos do que nós."  Horácio (Roma Antiga, Poeta)
"O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos."  Raúl Germano Brandão(1867 – 1930) Poeta/Romancista/Memorialista/Teatrólogo
"Ama os teus pais, se são justos e honestos: caso contrário, suporta-os."  Públio Siro(Poeta)
"Conduta de pais, caminho de filhos"
 

Você deve estar se perguntando, que artigo é este? Nunca vi ninguém começar um texto com tantas citações. Realmente, deve ser inédito, mas é que neste dado momento, fiquei indecisa, pois cada uma destas citações reflete exatamente o que eu quero abordar com este tema. São pensadores que atravessam os séculos, as décadas, dizendo coisas tão atuais, que não resisti, coloquei todas.

Você consegue se imaginar praticando buylling[1]contra seu filho? Você sabe realmente o que é buylling? Muito se tem comentado sobre este assunto e algumas pessoas apenas conformam-se sobre a conotação deste tipo de violência como a realizada pelas crianças e jovens na escola. Não, este nefasto crime, é cometido em qualquer instância da nossa convivência com outro ser humano.  E você quer dizer que um pai pode praticar buylling com filho? – Está louca? – Podem dizer extremados pais ao ler este artigo.
 
Posso afirmar que sim - explico como. Toda vez que você coloca suas frustrações, seus medos, suas revoltas, expectativas negativas acima dos reais interesses de educar um individuo, você está praticando buylling. Hoje, inclusive, tem um nome - Síndrome da Alienação Parental[2], o chamado Bullying nas relações familiares. Ofilho (a) do casal é programado por um dos seus genitores (geralmente pela mãe que detém a guarda da criança) para odiar. Dominado por um sentimento de vingança, inicia verdadeira empreitada no sentido de destruir a imagem que o filho guarda do outro genitor, se esta já não é boa então fica pior. O grande problema desta terrível prática é que o vingador provoca profundos danos psíquicos na criança, ainda que esta não seja sua intenção, pois, o alvo dos ataques, na cabeça do agressor é o seu ex.

Enquanto Coach Teen, encontrei situações, exatamente iguais ao que descrevo neste artigo, motivo pelo qual resolvi explanar este assunto, pois este comportamento leva a criança, o adolescente a um constante estado de tensão, onde aos olhos do filho o ex, é um verdadeiro vilão, um monstro e o outro um verdadeiro exemplo de abnegação.

• Toda vez que você para ferir seu (ua) ex, usando seu filho como escudo, e como arma de batalha tudo ao mesmo tempo, com a desculpa de “tudo que faço é para o bem de fulaninho”, e expõe seu filho (a), nestas intermináveis guerras frias e às vezes quentes, você está praticando buylling;

• Toda vez que no quarto do lado seu filho ouve, suas discussões sobre valores de pensões ou visitas que você não QUER que seu (ua) ex, faça, com a mesquinha desculpa de “estou apenas preservando meu filho (a), você esta praticando buylling;

• Toda vez que você, diz para o seu filho (a), de maneira a fazer com que inconscientemente ele opte, por você, acreditando que o seu ex parceiro, não presta, dizendo-lhe coisas, que pertencem a sua relação e que na grande maioria das vezes não é extensiva a relação PAI x FILHO, MÃE x FILHO, você está praticando buylling;

Amor não se cobra, não se impõe, se promove através de exemplos. Comportamentos distorcidos dos pais em relação aos filhosprejudicam inclusive o desenvolvimento cerebral gerando adolescentes incapazes de pensar e agir por conta própria.Oseu filho demonstra ansiedade, raiva, descontrole, pare olhe ao seu redor, se questione, será que o ambiente em que eu crio o meu filho, está sendo um reflexo de amor ou de cobranças, brigas, envenamento de alma? Seja HONESTO, ao fazer esta reflexão, será que não estou projetando a insatisfação de minhas escolhas, disseminando em meu filho (a), conceitos e exigindo de maneira velada que ele opte por mim em detrimento do outro? Pais separados são ex-marido, ex-mulher, mas jamais EX-PAIS.

Criar filhos significa educar pessoas, com as duas portas que a educação tem como bem explicitou, e que lhe peço perdão pelo “furto”, de sua brilhante admoestação, esta que é uma das minhas grandes e preferidas escritoras, Lya Luft – existe a porta da informação e a porta da formação, as duas passam por viés, diferentes. A informação consiste em passar dados, conhecimentos sobre português, matemática, física, química etc., para essa, o papel principal nós designamos às escolas e acompanhamos em nossas casas. A formação, esta sim ultrapassa as fronteiras do saber, ajuda o individuo a crescer, molda seu caráter, desenvolve o ser humano, e esta é designada à família, aos pais. A escola acompanha, complementa, mas o papel maior de formar SERES HUMANOS, responsáveis, honestos, discernindo certo e errado, bem e mal, cultivando valores de bem comum é seu, é você, quem vai gerir uma pessoa melhor para o mundo, para as organizações.

Deste modo, pense bastante se ao ensinar seu filho, a aproveitar o que o pai ou mãe pode lhe dar financeiramente, ao invés de estimular, neste jovem individuo, o amor, o perdão, a entender que todos têm defeitos e que VOCÊ, também os possui, ao invés de apenas apontar os defeitos do seu (ua) ex, mostre para o seu filho generosidade, deixe que ele, moldado pelo caráter que VOCÊ ajudou a construir, junto com a educação que ele está recebendo da escola, possa no futuro, saber separar o joio do trigo, saber respeitar diferenças, dê o seu melhor sem exaltar o pior do outro. Deste modo, assim sabendo que você não praticou violência psicológica, sob as vestes de proteção maternal ou paterna, estará criando um individuo que não irá praticar buylling, na escola, na rua onde mora, na organização onde irá trabalhar na vida que irá viver. O futuro se cria no presente.